quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Brasil, França/França, Brasil



Essa página eu fiz pra participar de uma exposição que vai rolar no 6º Festival internacional de Quadrinhos de BH. Já que a França é o país homenageado nessa edição do FIQ, convidaram 15 quadrinistas franceses pra desenharem hq's de uma página sobre ícones da cultura brasileira e quinze desenhistas brasileiros pra fazer exatamente o mesmo sobre a cultura francesa. Para mim coube desenhar algo sobre o pão baguete. Aí está essa pequena amostra do besteirol nacional.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Quando a vida vira conto



Há quatro anos atrás, conheci uma menina que trazia um Pequeno Príncipe tatuado no braço. Para mim, o Pequeno Príncipe era aquele livro que todos tinham de ler para afirmarem que tinham de fato passado pela infância, principalmente as meninas. Como fui uma criança ocupada demais com Batman, Homem-Aranha e etc, não sobrava tempo para crer em príncipes. Tampouco me interessava.
Por influência da menina – que se tornou minha namorada e, ao meu lado, vi pouco a pouco transformar-se numa belíssima mulher – acabei lendo o clássico do Exupéry jogado na areia duma praia em Florianópolis, já com mais de trinta anos na ficha. Me encantou. Pela simplicidade, pureza e uma certa melancolia...
Passaram-se mais alguns poucos anos e surge o 1ºBH Humor, salão internacional organizado por feras do desenho como o Lute, Duke e Lor. O tema era "lixo", enfocando principalmente o problema causado pelo excesso de detritos gerados pela sociedade de consumo e suas implicacões ambientais. Como havia uns bons cinco anos que não fazia nada de cartuns pra salões, confesso que só fui parar pra pensar em algo por insistência dos amigos que estavam na organização do salão e que gentilmente me intimaram a enviar um desenho.
Quando sentei e comecei a rabiscar algumas ideias, a única que me pareceu valer a pena foi essa que está aí, uma releitura de um Pequeno Príncipe no lixão. Eu desconfiava um tanto do enfoque que tinha o cartum, que deixava de lado a questões do consumo e do meio-ambiente pra falar sobre algo mais humanista, ligado a infância... Enviei o trabalho em cima da hora, sem nenhuma expectativa...
Dias depois (eita que essa história tá ficando comprida!) estava em São Paulo e passava uma das piores tardes dos últimos tempos (a mulher do Pequeno Príncipe tatuado sabe de perto do que falo) quando recebi um telefonema do Lute: "Você tá entre os premiados, é tudo oque posso te dizer"... No outro dia, estava embarcando pra BH ainda com a surpresa estampada no rosto, indo encontrar muitos colegas e amigos e conferir o que pra mim era uma verdadeira "zebra".
E que zebrona! Ganhei o primeiro lugar! Ulalá! Recebi o troféu diante de um auditório lotado, manos e mestres como Cau Gomez, Dalcio, Jaguar e Ziraldo na platéia. Me perguntaram então se queria falar alguma coisa. Ou fazia um agradecimento formal a comissão organizadora e blablabla ou algo mais genuíno, espantando a timidez pra pôr um pouco de poesia na vida: telefonei pra mulher que me levou ao menino príncipe. Ela ficou confusa com o burburinho que ouvia do outro lado da linha. Trêmulo, resumi em três frases a história do encontro com a menina tatuada... Tudo isso pra acabar dizendo lá, como escrevo agora aqui: "Manu, minha Pequena Princesa, esse prêmio é seu!"